Em 1521, há exatamente 500 anos, em Pamplona (Espanha), o então soldado Iñigo de Loyola perdia a grande batalha da sua carreira e iniciava uma vida nova em Cristo. Uma bala de canhão, como mais tarde em Roma (Itália) narraria o fundador da Companhia de Jesus em sua autobiografia, comprometeu-lhe a carreira militar, mas abriu-lhe o coração para consagrar-se inteiramente a serviço do Rei Eterno, e assim, mudar a História da Igreja.
A conversão
Após ser ferido gravemente na batalha de Pamplona, o jovem soldado foi levado para a casa de sua cunhada. No castelo de Loyola, esteve à beira da morte e, mesmo preso ao leito, ainda alimentava seus vãos desejos de vanglória e combate. Em sua difícil convalescença, apaixonado que era por livros sobre romances de cavalaria, Iñigo solicitava-os frequentemente. Mas, sua cunhada, católica fervorosa, somente dispunha de livros da Vida de Cristo e dos Santos.
O soldado Iñigo – que depois adotaria o nome de Inácio -, resistiu a lê-los até que não lhe restasse outra opção para passar o tempo. Ao ter contato com tais livros piedosos, começou a sentir algo diferente em seu coração. Vinham-lhe sentimentos nunca antes experimentados, desejos que faziam seu coração arder. Aos poucos, nascia o homem novo, apaixonado por Cristo, peregrino incansável e mestre do discernimento. Naquele leito de Loyola, morria seu sonho de crescer na carreira militar e conquistar as mãos de uma dama, mas nascia um outro infinitamente maior: o de conquistar o mundo para Cristo.
O Ano Inaciano
“O meu desejo é que no coração deste Ano Inaciano possamos escutar o Senhor que nos chama e que permitamos que Ele trabalhe a nossa conversão, inspirada pela experiência espiritual de Santo Inácio.”
Com estas palavras o padre Arturo Sosa, SJ, atual superior Geral da Companhia de Jesus, convida não só os jesuítas, mas a todos os cristãos espalhados pelo mundo que se nutrem da espiritualidade do Peregrino de Loyola, a viver o Ano consagrado à memória desta conversão pessoal que tornou-se dom para toda a Igreja. Basta-nos lembrar a imensa fila dos santos que se inspiraram em sua conversão, dos Exercícios Espirituais, do carisma que deu origem à Companhia de Jesus e de Francisco, o primeiro inaciano da História da Igreja a ser eleito Papa.
O Ano Inaciano, que começa hoje com uma Celebração Eucarística em Pamplona presidida pelo Arcebispo de Pamplona, Dom Francisco Pérez González, e homilia do padre Arturo Sosa, seguirá até o dia 31 de julho de 2022, data da morte e memória litúrgica de Santo Inácio de Loyola.
Entre tantas iniciativas e memórias, de maneira especial, está a data de 12 de março de 2022, quando será celebrado o IV Centenário da canonização de Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, São Felipe Neri, Santa Teresa D’Avila e Santo Isidro, ambos declarados santos no mesmo dia.
“Que possamos ser inspirados a ter a abertura de coração que necessitamos”, conclui o Pe. Arturo Sosa na carta de convocação do Ano Inaciano, “para receber o Espírito Santo que nos deseja doar a audácia do impossível”.
Fonte: Vatican News, por Pe. Bruno Franguelli, SJ