Ignatius 500 – Experiência que marca nosso modo de proceder

  12/07/2021

Ne. Renato Correia Santos, SJ*

Muitas são as experiências que as pessoas têm com Deus. E cada uma dessas experiências representa algo em suas vidas que as move de alguma forma. Assim podemos dizer que o processo de conversão se dá no íntimo de cada um e cada uma, e se manifesta das mais variadas formas a este chamado feito por Deus.

Algumas pessoas são chamadas a servir à Igreja como leigos ou leigas e outras, como religiosos ou religiosas, nas diversas opções de vida consagrada. Por isso, toda vocação cristã é, antes de tudo, uma vocação ao seguimento de Jesus.

A vida religiosa na Igreja, com o passar dos anos, foi se adaptando ao contexto vivido à época, buscando sempre uma resposta, com a novidade evangélica, aos sinais dos tempos. As pessoas que se dedicam à vida consagrada na Igreja, são homens e mulheres que, desde os primórdios do Evangelho, são chamados a viver a prática dos conselhos evangélicos, como ressalta o Concílio Vaticano II:

“A vida consagrada “imita mais de perto, e perpetuamente representa na Igreja, a forma de vida que Jesus, supremo consagrado e missionário do Pai para com o Reino, abraçou e propôs aos discípulos que O seguiram.”. (Lumen gentium, 44)

Deste modo, o consagrado e a consagrada são aqueles que dão testemunho de que o mundo pode ser diferente, como uma antecipação do eterno.

Neste movimento, celebrando o Ano Inaciano – Ignatius 500 – a Companhia de Jesus é chamada a “Ver novas todas as coisas em Cristo”, buscando um novo horizonte para seu corpo apostólico, para alcançar o maior serviço divino e o bem universal.

Recordar os 500 anos da Conversão de Santo Inácio de Loyola, é fazer memória de uma experiência que transformou para sempre a sua vida e deu origem a uma espiritualidade que tem auxiliado o nosso encontro com Deus e dá vida e corpo ao nosso modo de proceder. Oportunidade diária de experimentar uma nova conversão.

O fortalecimento de uma Igreja em saída, conforme pede o Papa Francisco, passa pelo desafio de ressignificar o “modo de proceder” do jesuíta, diante dos mais diversos desafios da atualidade.

Para tal é preciso ter espírito de confiança e abandono nas mãos do Senhor. Isso é o mesmo que se deixar conduzir pelo Amor.

Cada jesuíta parece que tem uma história muito única, sendo escrita aos longos anos de missão. A verdadeira Companhia é uma síntese misteriosa dessas histórias, como também das Constituições, das Congregações Gerais e do corpo real de homens que a Igreja e o mundo possam contar, se deixando conduzir por esse Amor.

O desafio necessariamente passa por recuperar, de verdade, o espírito de Santo Inácio, radicalmente missionário, e dos Exercícios, radicalmente ancorado no Amor de Deus e no cumprimento de Sua vontade. Aí está a essência do “nosso modo de proceder” que não pode jamais ser perdida.

O carisma da Companhia de Jesus sempre esteve ligado ao serviço da fé, do qual a promoção da justiça, o diálogo inter-religioso, com a cultura moderna e a defesa dos mais vulnerados e descartados deste mundo são frutos de uma fé comprometida com o Reino.

Esse desejo nasceu do coração de Inácio, e deve sempre guiar o nosso agir, o nosso modo de proceder, levando sempre em consideração o tempo, o lugar e as pessoas.

Assim, neste tempo de graça para nós, jesuítas de todo mundo, companheiros do Senhor, é mais do que uma data festiva ou celebração. O Ano Inaciano é uma oportunidade diária de ver novas todas as coisas, de experimentar um novo entusiasmo vocacional interior e apostólico, conversão para uma nova vida e novos caminhos para seguir o Senhor, assim como fez Santo Inácio.

* Renato Correia Santos, SJ, é noviço jesuíta, graduado em Direito, atuou como assessor da Pastoral da Juventude no Regional Sul 1 da CNBB e também como colaborador no Centro Magis Anchietanum em São Paulo.